Livro: PRESENÇA AFRICANA EM SALVADOR: O ofício dos ossos: Evidências das escavações na Praça da Sé
Autor: Teresa Cristina Mendonça
A Cirurgiã-dentista Teresa Cristina Mendonça inicia a introdução de seu livro PRESENÇA AFRICANA EM SALVADOR: O OFÍCIO DOS OSSOS fazendo uma autobiografia; não aquela convencional que declara data e local de nascimento, filiação … É um relato pessoal sim, mas que começa em 2005 quando ela foi descoberta pelos ossos. Para espanto da nossa vã filosofia, os ossos estavam à espera de Teresa bem antes de ela nascer. Eles estavam guardados dentro e sob as trevas de caixas – à semelhança de sarcófagos – esperando que a autora os trouxesse à luz da sua investigação científica. Como tinha que ser, Teresa Cristina apresenta o local onde descansavam estes ossos. Um cemitério chamado Salvador (Bahia – Brasil); cemitério no sentido original grego da expressão: cemitério, lugar onde se repousa. Onde repousavam em forma de esqueleto e de ossos, escravizados vindos de África, freguesias, ritos terapêuticos de evitação da morte, fregueses e freguesias, igrejas católicas com destaque para a Sé Primacial enquanto esta igreja acolhedora de ossos não fora, pela secularização desencarnada e transformada em ossos e escombros restando nada mais que ossos sobre ossos. Em INDÍCIOS DA PRESENÇA AFRICANA NA SALVADOR COLONIAL, fazemos um exercício crítico da expressão de Pierre Weil “O; corpo fala”. E nesse exercício superamos a ideia de que só o corpo vivo fala. O corpo osso também fala. Fala de marcas eternas de castigos e de modificações e de mutilações dentárias – nem todas resultantes de ações de etnicidades.